segunda-feira, abril 27, 2009

pai

O próprio!
sinto falta dele como se sentisse de mim mesma
é como se me procurasse aqui dentro, sem nada encontrar
e quando me olho no espelho, nenhum reflexo
e eu não estou mais em mim
e quando não ouço sua voz, sempre, deixo de escutar a mim mesma
é como se fosse assim
sem ele não existo
não sou, logo não penso
não NADA.

quarta-feira, abril 22, 2009

particípio passado - presente

Tiradentes, rebanho!

É tanta inspiração perdida
Tanto socorro esperado
tanto desespero calado
tanto corpo cansado

É tanto choro engolido
tanto cansaço cuspido
tanta doença pisada
e nada e nada e nada...

domingo, abril 12, 2009

Easter Sunday playing... Soccer!

A máfia espanhola comanda no futebol...
Mas meus chilenos queridos têm seu lugar

Em cima: Nacho (Chile), Juan (Espanha), Niklas (Suécia), Cèdric (França), Tito (Espanha), Laurence (África do Sul). Em baixo: Anders (Suécia), Steven (Austrália), Mark (Espanha), Lina (Alemanha), Rodrigo e Sebastian (Chile)


Lots of days off


As coisas começaram a se inverter por aqui. O céu cinza e triste cedeu espaço a um azul tão limpo que dá vontade de ficar olhando pra cima o tempo inteirinho. O calorzinho começa a vir, batendo os 14º Celsius, o que nos permite usar apenas uma camisa e um casaco, uma única calça, sapatos abertos sem meias, nada de luvas ou de gorros. A luz do sol chega lá pelas 6 da manhã e se vai, pasmem, lá pra 21 horas... É muita claridade e isso te faz perder a noção do tempo completamente. Agora estou aqui, olhando pela janela, o sol nem se arrisca a poer (tá certo, copydesk???) e já são quase 8 da noite.

A suecada fica estendida nos gramados, grupos escolares fazem passeios pela cidade com suas professorinhas “Helena”, os pique-niques acontecem a torto e a direito. Todo mundo na rua, andando, sorrindo, guiando suas bikes. Agora, os suecos estão aptos a olhar nos olhos das pessoas, a trocar um pouco de calor humano. Assim espero.

No sábado, eu, Alessandra, minha amiga italiana, e Ezgi, minha amiga turca, fomos visitar um novo shopping center que inauguraram aqui em Malmö, Entrè. De fato, muito bonito, cheio de vida, vitrines, cores, pessoas, mas, ainda assim, não passa de mais um shopping center. O consumismo foi barrado pela estupidez dos preços. Em Londres, tudo sairia pelo menos pela metade do preço. Sim, I LOVE London.

Na sexta, o jantar de Páscoa, antecipado por conta da possível viagem de alguns dos vizinhos, foi maravilhoso. Basta dizer que absolutamente todos do meu andar compareceram. Meu prato foi pudim, o de Alê, lasanha, e o de Ezgi, uma deliciosa salada turca com um grão que não sei o nome. Os espanhóis levaram deliciosas tortilhas. Os chilenos, arroz doce. As jamaicanas capricharam no tempero apimentado do peixe. Anton levou meatballs, famosas almôndegas. (Sim, comemos carne na sexta-feira da paixão, aqui pode e minha mãe não tava vendo)

As polonesas aderiram com encorpadas e saborosas saladas. A sobremesa dos sul africanos queimou no forno, infelizmente. As suecas me vieram com um pudim de sangue. Isso mesmo, sangue. Maravilha pra minha anemia. Delicioso, com um geléia doce por cima. Os alemães de salada e de pavê de limão. O esloveno caprichou na laranjada. Não me furtei o direito de experimentar nada. Nem do bolo de maxixe do francês. Antes que algum engraçadinho se pronuncie, não, não bateu onda.

Hoje, os amiguinhos vão jogar futebol numa quadra aqui perto. As meninas vão assistir e fazer pique-nique. Não tem melhor programa pra um ensolarado domingo de Páscoa. Vou procurar o coelhinho. Quando eu tinha lá pros cinco, ele me fez uma visita. Quem sabe esse ano de novo?

terça-feira, abril 07, 2009

Lon.dres Cos.mo.po.li.ta: Que é de todas as nações

Pensei que estava louca, entorpecida, sob o efeito de alguma substância pesada, inapropriada, ilícita. Mas que nada, era apenas London outra vez. Pisei em Stansted e meu coração palpitava em alta. Pouco mais de uma hora e estaria no coração de Picadylli, fazendo minha carne e espírito finalmente fluírem juntos, alucinadamente em sincronia. E isso nada tem a ver com o volume da night, compreensivelmente alto, e isso nada tem a ver com a multiplicidade de opções. A motivação foi e será, tão-somente, o sentimento de pertencer. Sim. Já sou um pedacinho daquele lugar. O maior do mundo.

Na verdade, não sei ao certo quem me deu permissão ou se precisava de autorização pra viver Londres por dentro e por fora; de corpo e alma; cabeça e coração. Cada passo dado foi um suspiro profundo rumo ao mais completo sentimento de realização. Era esse sentimento que buscava quando saí de meu Brasil. Do algo incrivelmente novo, inesperado, inusitado, mesclado com segurança, prazer e bem-estar. Assim fui eu em Londres.

Desde minha primeira viagem pra lá, em março, várias idéias me ocorreram, inclusive a de largar tudo em Malmö pra viver aquele lugar intensamente, todos os dias, horas e segundos. Graças a Deus, para minha família, que se preocupa horrores, essa idéia foi descartada porque meu visto na Europa é pra viver na Suécia. Mas isso me abriu a cabeça pra um novo e maior sonho, viver por lá ao menos 3 meses de minha vida, pra aprofundar meu inglês, que vai bem, obrigada. Nada, nenhuma palavra, nenhuma expressão, fotografia ou imagem, pode traduzir ou explicar o que é estar naquela cidade. Só vivendo pra saber. Só vendo pra crer. Cheguei ontem de lá, fui em Camden Town, Hyde Park, Oxford, Waterloo Bridge, vários pubs, tradicionais e amodernados, clubs... É um lugar diverso, de pessoas educadas e nem tanto. Saímos duma festinha lá pelas 3h da madruga e o busu completamente cheio, todos estavam acordados, realmente, pra ver e viver London.

Já estava batendo perna sozinha, de bus pra baixo e pra cima, totalmente ambientada, sem a ajuda de minhas amigas, que se aplicam diária e arduamente em seus trabalhos e não podiam ficar 100% do tempo comigo. Me senti na maior independência, um lugar facilíssimo de se transitar, onde dificilmente você se sente perdido. Se quiser ir a Camden, dá um saque na internet que tem um site que te diz exatamente a rota que tem que pegar. E assim é pra todos os cantinhos da maior cidade do planeta.

Lá, tudo, tudo é barato. Londres não é a cidade mais cara do mundo. A Suécia é um país muito mais caro, garanto. Acredito que as pessoas dizem isso porque, em Londres ,você encontra do mais caro ao que cabe em seu bolso, certamente. E, talvez, por ser lá a capital da Inglaterra, país de moeda mais forte do mundo, a Libra Esterlina.

Continuo adorando meu curso. Agora estou pegando Grammar e Phonetics. Minha viagem pra Polônia foi maravilhosa. Fomos num grupo de 11 pessoas, guiadas pela polaquinha Dominika. Ela é minha vizinha aqui, parece uma bonequinha. Fomos a Cracóvia, conhecemos um castelo, todo o centro histórico, a catedral principal... Mas o preferido foi o melhor chocolate quente da área, segundo a amiguinha. A Polônia parece com o Brasil, da desorganização do povo ao valor da moeda. Confusão danada, só difere no frio, que foi de rachar!

Voltando a falar de London... lá tive uma grande surpresa. Estava voltando para a casa das meninas, Laís e Carol, na noite de sábado, quando um bêbado, beirando a loucura, começou a puxar papo comigo no busu. Pra me sair, disse: “Sorry, I don’t speak English”. O motorista abriu sua cabine, me pediu desculpas, disse que o bêbado não poderia responder por si mesmo, pra eu não me preocupar. Daí, o malandrão parou de abusar. De repente, ele me deu uma cutucada no ombro e disse: “You are so pretty, I love you, baby, I love you”. Parecendo um bêbado de filme americano... Sei, sei, to nas Zoropa... Mas GELEI, maluco. Gelei, mas não cheguei a 0º. Em menos de um segundo, o motô parou o busu, chamou um policial e colocou o cara PRA FORA. Olhou pra mim e disse: I’m so sorry... Só me restou um ‘Thank you’.

Saudade

Museu de Ciência e Tecnologia de Malmö

Os que amam se afastam de mim, como coisa natural. O dia-a-dia da família já se acostuma sem minha presença. E as coisas se acomodam, e as pessoas, e as saudades também.