sexta-feira, julho 24, 2009

Por Escrito

Acessem o www.porescrito.com.br. Um blog de política. Depois me digam o que acharam...

sexta-feira, maio 22, 2009

Sem título, sem rumo.

Passei a minha vida inteira procurando alguma coisa indefinida. Não sabia o que era, só sabia que faltava. Achava eu que estava a procura de uma boa companhia nas minhas tristes tardes de domingo, que queria alguém parceiro, compreendendo meus sentimentos quase bipolares.

Depois de um tempo, encontrei tudo o que achei que procurava em outra pessoa, mas ainda assim aquele sentimento voltou a perturbar. Era uma sensação de oco, de nada. E meu desconsolo estava mais uma vez me angustiando sem pena.

Decidi viver sozinha, comigo mesma, eu e Deus. Aprendi coisas importantes, como quão interessante era fuçar aqueles vinís antigos lá de casa ou perder um tempão na ventania da varanda, olhando meu bairro de cima. Mas enjoei e precisava entender o que novamente se passava. O que tornava meu coração tão arredio.

Tomei a iniciativa de procurar mais meus amigos e corresponder com mais entusiasmo às suas investidas. O sentimento do nada até que deu um descanso pra minha pobre rotina, mas ainda percebia que isso não bastava, que a qualquer momento ele poderia voltar. E voltou. Voltou quando me vi cercada de todos. Ainda assim, o danado insistiu.

Me mandei pro exterior. Lá encontraria foco pra carreira, estudaria horas e horas, sem espaço para o martírio daquela sensação. Ledo engano, santa ignorância. Foi aí que ele veio com tudo, moeu o resquício daquilo que eu tentava chamar de alma. Tudo longe, tudo dífícil.

Saí pra dançar. Essa seria a cura para aquele mal. Meu Deus, eu tinha certeza que seria. Passei a noite toda na distração de batidas prateadas e bebidinhas coloridas. As horas passaram, conheci pessoas, fiz amigos e até me rendi, finalmente, a um beijo forasteiro. Nem sei que horas eram quando cheguei em casa, mas o sol já bocejava. Dormi, sonhei e acordei pro vazio imediato.

As palavras pulavam da boca e as sílabas não se conectavam logicamente. Nada aconteceu. Nada. Às vezes penso que tenho uma relação intrínseca com esta palavra. Nenhuma outra vem à tona tão ironicamente cheia de sentido, razão e força. Nada.

Enfim, após anos, acho que amadureci para o significado do que queria e ainda quero. Apesar de não ter encontrado por completo, agora eu sei que meus olhos só se enchem mesmo da tal felicidade verdadeira quando avisto pelo menos um pouquinho da tão volátil e traiçoeira, a garbosa ILUSÃO.

quinta-feira, maio 21, 2009

+1!

Fontana di Trevi! Inesquecível Roma!

Itália!

Ponte Vecchio sobre o rio Arno
Florença

segunda-feira, abril 27, 2009

pai

O próprio!
sinto falta dele como se sentisse de mim mesma
é como se me procurasse aqui dentro, sem nada encontrar
e quando me olho no espelho, nenhum reflexo
e eu não estou mais em mim
e quando não ouço sua voz, sempre, deixo de escutar a mim mesma
é como se fosse assim
sem ele não existo
não sou, logo não penso
não NADA.

quarta-feira, abril 22, 2009

particípio passado - presente

Tiradentes, rebanho!

É tanta inspiração perdida
Tanto socorro esperado
tanto desespero calado
tanto corpo cansado

É tanto choro engolido
tanto cansaço cuspido
tanta doença pisada
e nada e nada e nada...

domingo, abril 12, 2009

Easter Sunday playing... Soccer!

A máfia espanhola comanda no futebol...
Mas meus chilenos queridos têm seu lugar

Em cima: Nacho (Chile), Juan (Espanha), Niklas (Suécia), Cèdric (França), Tito (Espanha), Laurence (África do Sul). Em baixo: Anders (Suécia), Steven (Austrália), Mark (Espanha), Lina (Alemanha), Rodrigo e Sebastian (Chile)


Lots of days off


As coisas começaram a se inverter por aqui. O céu cinza e triste cedeu espaço a um azul tão limpo que dá vontade de ficar olhando pra cima o tempo inteirinho. O calorzinho começa a vir, batendo os 14º Celsius, o que nos permite usar apenas uma camisa e um casaco, uma única calça, sapatos abertos sem meias, nada de luvas ou de gorros. A luz do sol chega lá pelas 6 da manhã e se vai, pasmem, lá pra 21 horas... É muita claridade e isso te faz perder a noção do tempo completamente. Agora estou aqui, olhando pela janela, o sol nem se arrisca a poer (tá certo, copydesk???) e já são quase 8 da noite.

A suecada fica estendida nos gramados, grupos escolares fazem passeios pela cidade com suas professorinhas “Helena”, os pique-niques acontecem a torto e a direito. Todo mundo na rua, andando, sorrindo, guiando suas bikes. Agora, os suecos estão aptos a olhar nos olhos das pessoas, a trocar um pouco de calor humano. Assim espero.

No sábado, eu, Alessandra, minha amiga italiana, e Ezgi, minha amiga turca, fomos visitar um novo shopping center que inauguraram aqui em Malmö, Entrè. De fato, muito bonito, cheio de vida, vitrines, cores, pessoas, mas, ainda assim, não passa de mais um shopping center. O consumismo foi barrado pela estupidez dos preços. Em Londres, tudo sairia pelo menos pela metade do preço. Sim, I LOVE London.

Na sexta, o jantar de Páscoa, antecipado por conta da possível viagem de alguns dos vizinhos, foi maravilhoso. Basta dizer que absolutamente todos do meu andar compareceram. Meu prato foi pudim, o de Alê, lasanha, e o de Ezgi, uma deliciosa salada turca com um grão que não sei o nome. Os espanhóis levaram deliciosas tortilhas. Os chilenos, arroz doce. As jamaicanas capricharam no tempero apimentado do peixe. Anton levou meatballs, famosas almôndegas. (Sim, comemos carne na sexta-feira da paixão, aqui pode e minha mãe não tava vendo)

As polonesas aderiram com encorpadas e saborosas saladas. A sobremesa dos sul africanos queimou no forno, infelizmente. As suecas me vieram com um pudim de sangue. Isso mesmo, sangue. Maravilha pra minha anemia. Delicioso, com um geléia doce por cima. Os alemães de salada e de pavê de limão. O esloveno caprichou na laranjada. Não me furtei o direito de experimentar nada. Nem do bolo de maxixe do francês. Antes que algum engraçadinho se pronuncie, não, não bateu onda.

Hoje, os amiguinhos vão jogar futebol numa quadra aqui perto. As meninas vão assistir e fazer pique-nique. Não tem melhor programa pra um ensolarado domingo de Páscoa. Vou procurar o coelhinho. Quando eu tinha lá pros cinco, ele me fez uma visita. Quem sabe esse ano de novo?

terça-feira, abril 07, 2009

Lon.dres Cos.mo.po.li.ta: Que é de todas as nações

Pensei que estava louca, entorpecida, sob o efeito de alguma substância pesada, inapropriada, ilícita. Mas que nada, era apenas London outra vez. Pisei em Stansted e meu coração palpitava em alta. Pouco mais de uma hora e estaria no coração de Picadylli, fazendo minha carne e espírito finalmente fluírem juntos, alucinadamente em sincronia. E isso nada tem a ver com o volume da night, compreensivelmente alto, e isso nada tem a ver com a multiplicidade de opções. A motivação foi e será, tão-somente, o sentimento de pertencer. Sim. Já sou um pedacinho daquele lugar. O maior do mundo.

Na verdade, não sei ao certo quem me deu permissão ou se precisava de autorização pra viver Londres por dentro e por fora; de corpo e alma; cabeça e coração. Cada passo dado foi um suspiro profundo rumo ao mais completo sentimento de realização. Era esse sentimento que buscava quando saí de meu Brasil. Do algo incrivelmente novo, inesperado, inusitado, mesclado com segurança, prazer e bem-estar. Assim fui eu em Londres.

Desde minha primeira viagem pra lá, em março, várias idéias me ocorreram, inclusive a de largar tudo em Malmö pra viver aquele lugar intensamente, todos os dias, horas e segundos. Graças a Deus, para minha família, que se preocupa horrores, essa idéia foi descartada porque meu visto na Europa é pra viver na Suécia. Mas isso me abriu a cabeça pra um novo e maior sonho, viver por lá ao menos 3 meses de minha vida, pra aprofundar meu inglês, que vai bem, obrigada. Nada, nenhuma palavra, nenhuma expressão, fotografia ou imagem, pode traduzir ou explicar o que é estar naquela cidade. Só vivendo pra saber. Só vendo pra crer. Cheguei ontem de lá, fui em Camden Town, Hyde Park, Oxford, Waterloo Bridge, vários pubs, tradicionais e amodernados, clubs... É um lugar diverso, de pessoas educadas e nem tanto. Saímos duma festinha lá pelas 3h da madruga e o busu completamente cheio, todos estavam acordados, realmente, pra ver e viver London.

Já estava batendo perna sozinha, de bus pra baixo e pra cima, totalmente ambientada, sem a ajuda de minhas amigas, que se aplicam diária e arduamente em seus trabalhos e não podiam ficar 100% do tempo comigo. Me senti na maior independência, um lugar facilíssimo de se transitar, onde dificilmente você se sente perdido. Se quiser ir a Camden, dá um saque na internet que tem um site que te diz exatamente a rota que tem que pegar. E assim é pra todos os cantinhos da maior cidade do planeta.

Lá, tudo, tudo é barato. Londres não é a cidade mais cara do mundo. A Suécia é um país muito mais caro, garanto. Acredito que as pessoas dizem isso porque, em Londres ,você encontra do mais caro ao que cabe em seu bolso, certamente. E, talvez, por ser lá a capital da Inglaterra, país de moeda mais forte do mundo, a Libra Esterlina.

Continuo adorando meu curso. Agora estou pegando Grammar e Phonetics. Minha viagem pra Polônia foi maravilhosa. Fomos num grupo de 11 pessoas, guiadas pela polaquinha Dominika. Ela é minha vizinha aqui, parece uma bonequinha. Fomos a Cracóvia, conhecemos um castelo, todo o centro histórico, a catedral principal... Mas o preferido foi o melhor chocolate quente da área, segundo a amiguinha. A Polônia parece com o Brasil, da desorganização do povo ao valor da moeda. Confusão danada, só difere no frio, que foi de rachar!

Voltando a falar de London... lá tive uma grande surpresa. Estava voltando para a casa das meninas, Laís e Carol, na noite de sábado, quando um bêbado, beirando a loucura, começou a puxar papo comigo no busu. Pra me sair, disse: “Sorry, I don’t speak English”. O motorista abriu sua cabine, me pediu desculpas, disse que o bêbado não poderia responder por si mesmo, pra eu não me preocupar. Daí, o malandrão parou de abusar. De repente, ele me deu uma cutucada no ombro e disse: “You are so pretty, I love you, baby, I love you”. Parecendo um bêbado de filme americano... Sei, sei, to nas Zoropa... Mas GELEI, maluco. Gelei, mas não cheguei a 0º. Em menos de um segundo, o motô parou o busu, chamou um policial e colocou o cara PRA FORA. Olhou pra mim e disse: I’m so sorry... Só me restou um ‘Thank you’.

Saudade

Museu de Ciência e Tecnologia de Malmö

Os que amam se afastam de mim, como coisa natural. O dia-a-dia da família já se acostuma sem minha presença. E as coisas se acomodam, e as pessoas, e as saudades também.

terça-feira, março 17, 2009

London!

The National Galery - O jardim de Van Gogh

Os Girassóis de Van Gogh

Polaquinho Malvado

Nem um sorriso foi de graça na Polônia,
mas, pelo menos, esse sorriso é barato!

segunda-feira, março 02, 2009

Dignidade e ponto. Ops! ...no próximo ponto.

Bem, gente idosa com dignidade está na Suécia. Aceitar alguma ajuda é quase uma ofensa. Mas, mesmo sabendo disso, minha boa educação me obriga sempre, sempre a oferecer um helpzinho pra esse povo assoberbado. Por vezes, já ofereci meu assento no ônibus aos mais velhinhos. Só uma vezinha uma senhora aceitou, nem ela era tão velha nem era tão sueca, presumo. Quando alguém fala em sueco com você, não necessariamente esta pessoa estará te xingando, mas você vai pensar que está.

Ontem, ousadamente, como é a forma de todo baiano, ofereci meu lugar pra um senhor. Não sei exatamente o que saiu da boca dele, mas sei perfeitamente o que ele quis dizer. Um sonoro nãããão! Não aguentei e dei aquela crise de riso contagiante, já que a menina do meu lado sucumbiu e me acompanhou nas gargalhadas.

Mais engraçado ainda é como a gente acaba se adaptando ao idioma local. Quando o velhinho viu a crise de riso ele me disse, em sueco, que não precisava do lugar porque ia saltar no próximo ponto, e agradeceu. Respondi, ok e you’re welcome. Olhei pra menina do lado e disse que não sabia como, mas entendi perfeitamente o que o cara tinha dito. Ela falou que com ela também acontecia isso. Ela é uma estudante italiana que mora aqui em Malmo. Super simpática. Me contou da diferença entre as famílias italianas, que preservam gerações e gerações num mesmo lar, e as suecas, que logo mandam seu filhotinhos para a vida independente. Logo chegou o meu ponto e eu me fui!

Aplausos para a educação do povo. Na sexta-feira esqueci meu pendrive no computador da faculdade. Na segunda, estava ele lá, sem arranhões e com todos os pedaços.

Ontem, em pleno domingo, 1º de março, me lancei pra uma academia aqui perto. É simplesmente impossível não fazer uma atividade física regularmente por aqui. O clima não colabora pra alegria chegar e você tem que arrumar um jeito de injetar adrenalina e serotonina no sangue. De preferência, por caminhos dissociados da comilança.

Mas vamos comentar aqui, que coisa de primeiro mundo, meu Deus! Nunca vi uma academia dessas. Por três meses, vou pagar menos do que pagava aí no Brasil. Tô saindo no lucro. Claro que as viagens pra Cracóvia e pra Londres, nas próximas semanas, vão atrapalhar o andamento da atividade física, mas a alegria vai estar incluída no pacote do mesmo jeito! Quanto ao frio, vou sair do fogo e cair na frigideira. Ops! Sair do gelo e cair na geladeira, melhor dizendo.

sábado, fevereiro 28, 2009

Sunset

Até que o pôr-do-sol aqui não é nada mal

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Viking Party

Anton não teve tempo de usar seu escudo
A espada de Jorge realmente funciona

Quarenta graus de diferença, mas sensação térmica é de quase o dobro. E não estou falando da escala Farenheit. É em Celsius mesmo. Aqui sete graus negativos, e Salvador quase entrando em ebulição com a chegada do Carnaval. No sábado, quando vocês vão se deleitar com a festa profana, estarei em confraternização ao som de hits que embalaram John Travolta e Olivia Newton John no filme Grease, Nos tempo da Brilhantina, 1978. Esse será o tema da próxima festinha organizada pelos Exchange-students, em Malmo.

Na festa passada, muita farra e interação. The Viking Party, com direito a chapeuzinho com chifrinho e tudo!

Nada em termos de tenologia. Um saleta apenas com um sofá e um balcão, onde havia um som normalzinho. Nem lâmpada, só dança. O único feixe de luz vinha do corredor, cheio de gente como eu. Gente de todos os cantos do mundo. Antes de saber os nomes, a primeira pergunta era "de onde você é?". Itália, Chile, França, Espanha, Polônia, Bélgica, Alemanha, Austrália, África do Sul!...

Ricardo, português de Lisboa

Até que um rapazote olhou pra mim com cara de quem não me reconhecia. Você é nova por aqui?, perguntou em Inglês. Yes, this is my first party. Wow! De onde você é? I'm from Brazil. Não acredito que estou a falar com uma brasileira legítima!!!!, carregado sotaque português, em Português genuíno. Foi muita, muita felicidade. Ele me apresentou à namorada dele, também portuguesa, e falamos até da palavra saudade, que só existe no nosso idioma. Quero encontrá-los novamente. Vou falar de Fernando Pessoa, Saramago e Chico Buarque. Quem sabe... ?

Engraçado é como a cabeça da gente funciona. Se estou conversando em inglês com uma pessoa e me dirijo ao meu amigo portuga, falo em inglês, tipo, não funciona no automático ainda. E o caminho contrário da mesma forma, falei em português com vários gringos por aqui. Comédia!

Fiz um amigo, o nome dele é Sebastian, veio de Santiago do Chile. Estuda pra ser professor de Inglês. Perfeito! Super engraçado, faz piada o tempo todo, 22 anos. Mora aqui no meu andar. Fiz café brasileiro pra ele experimentar. Lóóóógico!!! Todo mundo adora, mas acha forte. Ele me apresentou a seus três amigos chilenos, Rodrigo, Macarena e Ignácio, e também a uma bebida chilena chamada Pisco. Uma espécie de vodka, acho que é de abacaxi, ele colocou na coca-cola. Tomei um golinho pra não fazer desfeita, mas tem gosto de bebida alcoólica, como todas as outras. Eles, os chilenos, conhecem Roberto Carlos (Yo voy tener un million de amigos), Daniela Mercury, Xuxa (Ilarilariê) e Alexandre Pires. Eu e Seba ficamos cantando na cozinha, comédia! Todo mundo rindo!

Sebastian! Seba!

Sim, Sebastian falou que meu inglês não é tão básico, disse que eu sou capaz de formular minhas próprias idéias, que eu vou evoluir mais e mais rapidinho. Disse também que não é pra eu me preocupar em ainda não formular idéias sofisticadas em inglês, pois isso é de fato muito difícil de fazer fora do idioma nativo. Nós conversamos em inglês e um poquito no idioma dele, já que ele não entende bulhufas de meu sotaque português, pero yo comprendo español.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

O nome do cachorrinho...

Esse é Stanzvähen. Perguntei o nome, mas
esqueci de pedir o telefone do cachorrinho!

Orgulho

Sem mais palavras

(POST ATRASADO)

A primeira grande lição fora de casa foi uma já aprendida em diferentes faces. Orgulho, minha gente. Nós somos um povo digno. Orulho, orgulho. Pra levantar a cabeça. Pra dizer ‘eu posso’. E até pra dizer “eu tenho minha nação, não preciso da sua”. Morar em terras alheias não é fácil. Oitenta por cento dos suecos parecem pensar que eu vim pra cá almejando o ‘forever’. Os mais velhos, acho que pensam que eu vou pedir dinheiro ou algo parecido quando apenas preciso de informação na rua. Os mais novos acreditam que eu vim roubar-lhes as oportunidades de emprego. E eu só quero estudar. Pra finalizar, há também os 100% dos imigrantes financeiramete mais humildes, que têm certeza de que eu quero virar legalmente uma sueca. Vai receber seus papéis quando? Ãh?? Nunca. Não mesmo.

Quando fui fechar negócio com meu novo landlord (dono do aluguel), meu amigo Gazy perguntou pra ele, numa boa, o que eu deveria fazer caso eu decidisse prolongar meu aluguel e minha estada aqui. Ele, arrogante e agressivamente, respondeu que não era um problema dele, que ele não poderia fazer nada. Na hora, fiquei meio atordoada com o péssimo inglês dele, cheio de sotaque sueco, e não atentei bem para ‘o’ detalhe. Ele achou que estávamos propondo que eu continuasse a alugar o apartamento, mesmo sem a renovação do visto. E a forma como respondeu foi quase um “não aceito suborno”.

A Suécia é um país maralhavilhoso, ok? Mas minha pergunta é: pra quem? Sinceramente, hoje fez um sol lindo, mas a rua continuava um freezer, provavelmente um Brastemp, porque eu quase congelei. E esse lugar está assim desde novembro e assim estará até abril. Depois, segundo relatos e pesquisas informais, o frio vai abrandando e vem uma razoável tênue onda de calor, que dura apenas ‘quase todo’ o mês de junho, alcançando, no máximo, 28º Celsius. Em julho, a friaca começa a voltar e, então, de volta casacos e afins. Deus me livre. Isso não é vida. Até alguns suequinhos repetem isso.

Desemprego? Vocês acham mesmo que há no mundo um lugar com número de empregos suficiente para absorver todas as pessoas em idade profissional, jovens e maduros? O sistema capitalista é uma fraude, falido. Aqui existem empregos, proporcionalmente mais que no Brasil, mas desemprego tem aos montes. Só que o governo tem como sustentar essa galera com bolsas, auxílios... A diferença é essa. Quero ver até quando isso vai durar. Numa análise simplória, pois não sou economista, posso dizer: vejam o exemplo dos Estados Unidos. Quebraram.

Não sei bem como ficou a Suécia na história do planeta, mas vamos e convenhamos, o Velho Mundo teve de onde sugar, das colônias americanas, africanas e tudo mais. Além dos impostos cobrados, a reserva feita com nossos metais preciosos, pedras, madeira, escravos e sangue não foi nada pequena. É bom esclarecer que esse não é um discurso panfletário e, além disso, não confundo as coisas. Adoro meu professor inglês, achei meu conhecido portuga muito simpático e tem um espanhol aqui que é uma figuraça.

Então, minha gente, gente humilde, o que é que eu vou querer? Sem demérito pra quem está trabalhando aqui e se virando, se dando bem e não se dando... Longe de minha família, de meus queridos de infância. Longe dos meus quase recentemente amados. Estar aqui tem a primária função de aperfeiçoar meus conhecimentos no idioma Inglês. E o que mais se ganha em aprendizado, como auto-estima e orgulho. No mais, “eu to voltando pra casa”.

Mudança na neve

Tentando dar o golpe do corte
no sunrise da minha janela


(POST ATRASADO)


Sei, sei, sei, não precisa me dar bronca... eu sei que deveria estar estudando agora, mas, exatamente neste momento, isso é algo entre o impossível e o improvável. Depois de um longo dia de aula, andança e mudandança, estou finalmente no meu novo lar. A excitação não vai nem me deixar dormir. Não sei bem como posso chamar isso aqui, porque não é uma ap e não é simplesmente um quarto na casa de alguém.

Moro no melhor lugar do mundo. Depois da minha casa em Salvador, é bom explicar. Moro no ‘Rönnenblomsgatan 6A, Malmö’. Bem, pelo menos até junho. Aqui só tem jovem. As pessoas mais velhas têm 28 anos, eu e uma alemã. Todo mundo vem de países diferentes. Tem gente da Polônia, do Chile, da França, Estados Unidos, Espanha, África do Sul, Turquia, Austrália, daqui mesmo da Suécia, enfim, um Mexidão Cultural. Legal que a galera aqui fala inglês e eu vou poder praticar mais e mais.

A princípio, ter uma cozinha compartilhada com outras pessoas me pareceu ruim, mas isso foi um engano. Essa é graça do lugar. Pelo menos na minha família, a cozinha sempre foi um ‘espaço óbvio’ de confraternização. Sentados em volta da mesa, blasfemamos, mentimos, falamos o santo nome do Senhor em vão, fofocamos, fazemos feitiçarias, Vodu, maldizemos inimigos e, por que não, alguns ditos “amigos”. Tudo acontece ali, do café ao jantar. Na Rönnen International Student Accomodation não é diferente.

O simples fato de guardar minhas comidinhas na cozinha me fez conhecer a alemã, duas polonesas e o chileno Sebastian. Uma das meninas da Polônia chama-se Karolina, com sotaque polonês. Não é francês nem americano. Ela odeia quando a chamam de Querolaine. O sotaque muda completamente o nome da pessoa. Por isso, faço questão de pronunciar meu nome em português e o dela em ‘pseudo-polonês’.

Simplesmente superdivertido. Cozinhar nessa cozinha, que poderia se chamar brega, realmente é muito louco. Lá tem uma supervaranda comunitária, frequentada apenas pelos fumantes. Não fumantes só no verão.

Meu quarto é muito muito bonito. Graciosamente mobiliado. O banheiro é lindo também. Tudo combinando com as cores azul turquêsa e branco. Demais.

Nenhuma previsão anunciava. Apesar de frio, o fim de semana veio ensolarado. Lindo, lindo, pude ver o céu azulzinho. E lá ficou ele, estendendo em quase uma hora (de relógio) os dias em Malmo. Aproveitei para estudar com a ‘cara virada pro sol’. Que piada! Eu estava era praticamente dormindo, quase me sentindo na praia... Ai, Bahia que não me sai do pensamento, ai, ai...

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Tem mais Deus pra dar que diabo pra roubar, diz mamãe

Santo anjo do Senhor. Sem ironia.

Dia quente em Malmo, fiz minha matinal rotineira visita ao meteorológico site Weather in Sweden. Dois graus Celsius na capital do sossego. Bem, assim poderia ir para meu primeiro Quiz sem precisar de cachecol e gorro. Vesti um suéter a menos do que o costumeiro e parti, reescutando a aula de Darius, meu professor de Literatura (Reading and Responding). Não posso adiantar a nota, mas sei que não fui mal.

Ao final da aula, recorri ao meu colega indiano, Gazy, para pedir um auxílio. Precisava conseguir uma acomodação já. Nunca vi uma pessoa ajudar tanto outra. Nem no Brasil. Ele me conduziu aos sites de busca, fez ligações pra conhecidos, procurou pessoas que poderiam nos orientar. Comparou preços, pesou aspectos negativos e positivos. Me apoiou no Inglês, traduziu expressões desconhecidas. Ficamos três horas e meia atrás do ap. Abandonou o almoço, perdeu o tempo dele. Não me deixou nem um minuto até encontrarmos algo viável e confortável. Um santo. Quando eu perguntei por quê: “Eu já estive no seu lugar e encontrei ajuda”.

Essa também é uma teoria que aplico na minha vida. Não precisa me pagar, apenas faça também por alguém.

Visitamos o escritório de Anna Skarpeke, secretária do International Office da Malmö Högskola (Malmo University). Ela tinha os apartamentos legais e viáveis. Superamigável, me deu todas as orientações para uma estudante de intercâmbio. Meu Deus! Essa mulher me procurou durante duas semanas. Nos desencontramos em horários. Nunca dava certo. Até que desisti. Então, hoje, ela pôde me passar o que eu precisava entender no primeiro dia, mapa da cidade, informações sobre emergências de saúde, um documento compravando que eu sou aluna de intercâmbio, telefone do ‘SAMU’ daqui, endereço de farmácia, e tudo mais.

Fui sozinha visitar o lugar onde vou morar. Espetáculo! Coincidentemente, duas meninas do grupo que furou fila no buzu (vide Turismo na Neve e Tudo Mais), estavam entrando no edifício e eu contei da minha situação, que precisava ver o que iria alugar. Elas me levaram lá, me mostraram o quarto... enorme, dotado de banheiro privativo. A cozinha, a lavanderia e a sala de estar são compartilhadas com todos que moram no mesmo andar, o que achei muito bom. Sociabilização total. O percentual de aproveitamento conto depois.

Liguei para Anna, pra confirmar o aluguel. Segunda ela virá com próximas informações. Provavelmente na terça já tô de mudança. Ufa!

Contrastando (eu posso começar no gerúndio se eu quiser, ok?) com tanta boa-fé, eis um assunto que nem merecia relato. Girl A e Girl B (vide Gente é Gente em Qualquer Lugar do Mundo) discutiram um texto da aula de Literatura ‘Inglesa’ em sueco para me excluir da situação. Teríamos que ser um grupo de três. Blááá!

Hoje, eu to sambando pra Chico cantar!

Ela não samba. Nasceu na Suécia.
Vai, meu irmão
Pegue esse avião
Você tem razão
De correr assim
Desse frio, mas veja
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão
Pede perdão
Pela duração
Dessa temporada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que vou levando
Vê como é que anda
Aquela vida à toa
E se puder me manda
Uma notícia boa

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Tu ia ????

Os suecos são tão práticos que cemitério
e parque municipal são a mesma coisa

Aqui eles marcam no Dia de Finados
e no encontro com a gatinha



quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Gente é gente em qualquer lugar do mundo

Javi estação da Lapa - Itinga mais limpo

Uma coisa eu tenho que contestar. É mentira que aqui por estas bandas não se vê papel no chão, que o povo é extremamente educado, blablablá. Mentira, mentira, mentira. A diferença daqui é que os serviços públicos de limpeza funcionam. Mas o povo é sem educação do mesmo jeito. Sueco também é ser humano, gente. A foto que coloquei ilustra muito bem o que estou dizendo. E a que segue é simplesmente a prova. A lixeirinha bem pertinho, mas os suequinhos preferem o chão. Outro dia estive na Centralen e olhei pra baixo. Centenas, juro, de bitucas de cigarro espalhadas.

A lixeirinha, prova da não educação

Outro mau hábito do sueco é o cigarro. Fumam desesperadamente, desde os mais jovens aos mais velhinhos. Mas não vejo ninguém fumando em local fechado ou coisa parecida. Comportamento obrigatório, definido por lei, claro.

Mas isso de fumar e de sujar o chão não é nada se comparado ao mórbido e sinistro costume de enterrar seus mortos em parques públicos, abertos à visitação. Estava andando, voltando da faculdade com Ahmad dia desses, e quase pisei em um túmulo. Seria uma experiência constrangedora. Pisar em túmulo. Nunca pensei. Nem quero.

Já tenho duas colegas de turma que sentam comigo. Isso é muito legal, porque posso brincar, contar piadas, discutir assuntos da aula e tirar dúvidas. Os nomes são impronunciáveis, até brinquei de chamá-las Girl A e Girl B.

Bom, Girl A é nascida em Malmo, mas seus pais são egípcios. Ela visita frequentemente a terra natal, tem uma semana que esteve lá. Superbonita, produzida e inteligente. Girl B é caladinha, pequenininha, exageradamente maquiada, fumante e vive fazendo piadinhas em tom baixinho. É realmente divertido sentar do lado dela.

Depois da aula, resolvi ficar na facult pra acessar a Internet, mas não sabia como entrar na rede wireless da Malmo University, recorri a um estudante que estava perto. Joaquin (fala-se Ioaquin). Só agora entendo de fato a desenvoltura de Ramon. Para morar em país alheio, ferramenta indispensável é a cara de pau. Por sorte, Joaquim foi supersupergente boa. Seu nome deveria ser SIMPATIA. Perguntou se eu era uma aluna de intercâmbio e quando eu disse que sim, que sou do Brasil, abriu um imenso e largo sorriso. Achei melhor não interpretar.

Fato é que Joaquin é a primeira pessoa genuinamente sueca que conheço por mim mesma. Josefin não conta, pois ela é do ‘Interact’. Quase uma obrigação. Senhor simpatia se despediu de mim em 30 minutos, dizendo que ia me mandar um e-mail com dicas de lugares pra morar. Nem precisava

Uma coisa que acho muito burra aqui é que as distâncias são medidas em minutos. Eu moro a 10 minutos da faculdade, se eu for de ônibus. Mas na volta, a bendita está a 40 minutos de minha casa. Outro percurso. Andando são 20 minutos. Josefin disse que mora a 5 minutos de mim e toda Malmö parece estar a menos de 1 hora daqui. Compreenderam? A distância/tempo deve ser medida de acordo com a ‘passada média’ de um sueco, provavelmente com pernas de mais de um metro, ou então segundo a velocidade média preestabelecida para os coletivos. Só pode. Na verdade, eu estou sempre atrasada. Com certeza porque minhas pernas são mais curtinhas que as demais por aqui.

Diga Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiizzzzz!

Turista.
Daquela que tira foto de si mema.
Oi!

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Turismo na neve tudo mais

A Caroli Kyrka fica na Östergatan

Hoje acordei com uma surpresa. Vou ter que me mudar. Fiquei meio chateada, pois fechei esse “contrato” em novembro do ano passado. Não esperava realmente uma mudança de planos, que provavelmente vai encarecer minha estada aqui, já que meu aluguel é extremamente barato. Mas é claro que essa situação é contornável. Tenho três semanas pra escolher um lugar legal e viável.

Já peguei algumas manhas da cidade, como média de preços e onde posso acessar a net grátis. Não to correndo o risco de pagar um preço acima do normal e não preciso gastar pra estar conectada. Fora isso, a senhorita Laís Leal, a quem recorro toda vez que o bicho pega (por MSN, é bem verdade), me deu umas dicas de novos locais pra viver. Laís fez o mesmo intercâmbio que eu, pela FIB, e agora está tentando uma universidade lá em Londres.

Umas das vias para o parque onde Dorian Gray caçava nas férias

(ele morava em Londres)


Domingo, quando olhei pela janela, NEVE. Estou curtindo falar toda hora disso. Parem de me criticar. Nunca tinha visto mesmo, e daí? Dois graus negativos na região. Ventos de 35km/h Leste e uma umidade de 87%. Os floquinhos super pequenos, parecendo chuvisquinho, mas bem de perto, carocinhos de gelo. Tipo dos congeladores (frost free não vale). A grama toda branquinha e os telhados idem. Little Snow por aqui.

Resolvi sair, fazer turismo. O dia tava muito claro, diferente dos demais. Logo na parada do ônibus, quatro mocinhas e um rapaz, falando Inglês, chegaram. Quando o ônibus apareceu, todos correram pra porta e eu fiquei por último. No frio à vera, educação às favas. Ditado aqui.

Na ‘fila’, a última menina pediu desculpas pela pressa dos amigos, ja que eu cheguei primeiro. No ploblem, no problem. Ela também elogiou meu sobretudo. Emendei que comprei no meu país, sou brasileira. I Love Brazil! Você conhece o Brasil? Sim, já estive lá beeem perto, no Chile. Ãh???? Deixa pra lá, viu!? Melhor não comentar.

No passeio, fiquei rodando de ônibus, tirando fotos, descendo e subindo. Chamando a atenção dos locais, que não se conformavam com minha agitação. Quase deito no chão por uma foto. O resultado foi: se tivesse deitado, sairia melhor. Depois de três horas, voltei pra casa. Resolvi curtir o frio debaixo das cobertas e estudar para o Quiz de hoje, que não aconteceu (blá).

P.S.: Não posso ‘me esquecer de lembrar’ do Dia de Iemanjá, 2 de fevereiro, aniversário da minha querida e inesquecível, amada professora de música Nathércia. Congratulations. Vim pra cá sem me despedir. Ô... dor no peito.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

The Lottery

Árvores muito comuns em Malmö
Não sei a espécie, mas são lindas


Alguma dessas teorias evolucionistas que não conheço bem deve explicar o porque dos diferentes tipos de corpos e traços e feições dos seres humanos. Eu sou uma pessoa preocupada em encontrar essas respostas em atos simples do dia-a-dia. Por exemplo, descobri porque europeu tem nariz fino e alongado.

A resposta parecia muito simples: aqui é frio e todo mundo tem que ficar fazendo movimentos com as mãos para aquecer seus narizes, dessa forma, com o passar dos milhões e milhões de anos, os narizes europeus ficaram afilados, alguns quase sumiram, outros quase viraram canudos.

Meu amigo tem uma outra teoria, mas achei meio sem pé nem cabeça. Segundo ele, os narizes são finos aqui e grossos na África por conta das temperaturas dos referidos locais também, como eu havia dito. Mas, para ele (tudo mentira, não acreditem), em regiões quentes, as pessoas precisariam colocar mais ar para dentro, refirgerando o interior de seus corpos. Aqui, se as narinas fossem muito abertas, o calor não seria armazenado. Tem condição ouvir uma história dessa?

Brincadeiras à parte, mais um dia interessante. To começando a fazer ‘amigos’. Ontem, um colega do meu lado puxou assunto. Do nada, o cara me saiu com um “what’s your name?” Aura. E ele respondeu: ohhh Óoora! Todo gringo, exceto Ramon, me chama de Óra. Parece coisa de baiano. Por exemplo, meu vizinho é Ógênio, de acordo com o dialeto da Soterópolis.

Indiano de Bangladesh, não consegui gravar o nome dele. Meio esquisito, quando eu tava indo embora, no portão da faculdade, ele perguntou por qu eu estava indo embora. Como assim, Bial? Eu disse que tinha que estudar, ele falou que o melhor lugar para estudar era na faculdade, com os recursos de lá e tal. É estranho e e ainda por cima é moreno de olho verde. Éca! Sai pra lá!

Ontem também li o texto The Lottery, de Shirley Jackson. Traduzi as palavras que não eram de meu domínio e fui à compreensão geral, uma vez que iria escrever um Paper Response para o seminário de hoje.

A história é sobre um vilarejo com pouco mais de trezentas pessoas, onde ocorria anualmente uma Loteria. Todos muito animados, os primeiros a chegar foram as crianças. As pessoas foram se aglomerando numa espécie de ritual, tudo muito simbólico, até os nomes das pessoas figuravam suas personalidades e características do evento.

O sorteio seria feito em duas etapas, primeiro o sorteio de uma das famílias do vilarejo e depois o de um dos membros da família vencedora. Pra encurtar o perrengue, uma família foi sorteada lá e então novos bilhetes foram entregues ao seus 5 membros. Rapaz, a mãe foi a escolhida. De repente toda comunidade começaou a apedrejar a mulher até a morte.

Caiu a ficha, meu povo? Até pesquisei um pouquinho sobre a escritora. O texto dela descreve uma situação em que as pessoas se reúnem justamente para sortear o “assassinato” a pedradas de um dos membros da comunidade. Mórbido demais. Mas muito bom. Procurem. Deve haver alguma versão em português.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Bonitinho mas ordinário (o edifício)

Turning Torso, de Santiago Calatrava
Dizem que ele estava travado no dia do projeto


Esta é a Turning Torso, edifício em espiral projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Não fui nem irei lá. Bela como seja, me causa arrepio imaginar que existem pessoas transitando por ali. Nenhum santo seria capaz de me conduzir a este local. Talvez, se deus viesse me pedir... Mas só serveria aquele da Santíssima Trindade. Me desculpem os engenheiros, Lo Enjeñero, meu irmãozinho e todo o CREA, não confio na Engenharia Moderna. Suporto a convencional. Admito a arquitetura de Niemeiyer só porque ele tem mais de 100 anos.

Ontem, mais uma vez meio sem saber como voltar pra casa, levantei meu dedinho para um rapazinho que vinha chegando e perguntei qual o ônibus que deveria pegar pra Central. Ele me ensinou, me perguntou de onde eu era e a gente foi conversando. O cara é do Kosovo. Mais um ‘refugiado’, como o da Bósnia, como Ahmad, do Afeganistão. Aqui parece o paraíso para essas pessoas. Oportunidade de trabalho, estudo gratuito, paz. Engraçado que a gente se comunicou praticamente em línguas diferentes.

Antes que eu me esqueça, também cometi a tradicional mancada de colocar o braço pro buzu parar. Aqui o buzu pára e pronto. Sem erro. Mesmo assim, retiro TODOS os elogios referentes à organização e pontualidade do tranporte público daqui. Óbvio que funciona. No dia que algum buzu atrasar 3 minutos que sejam, o cidadão vira picolé, morre congelado e para de pagar imposto. Ou seja, a pontualidade é uma questão de saúde pública e financeira.

Pra dar um adiantada no meu lado, comprei um dicionário Oxford University Press, 300 mil verbetes, English to English. Demais! As coisas estão indo bem na faculdade, ontem teve o Student Union Day. Tipo uma palestra sobre a Student Union, um super grêmio sueco presente em todas as universidades do país. Uma organização estudantil com força estupenda junto ao governo, na luta pelos direitos dos estudantes.

Pra terem uma idéia do poder, os professores de universidades suecas têm que ser indicados por estudantes e, antes de poderem ser admitidos pela instituição de ensino, são entrevistados por dois membros da Student Union. Esse grupo, do qual sou membro, pois já paguei minha taxa semestral de 270 pilas (SEK), desenvolve diversas atividades para integrar, motivar e informar a gente, incluindo Exchange Students, como eu, e International Students.

Foi através dessa palestra que descobri um dos motivos que levam a Malmo University buscar alunos em outros países para que estudemos “de graça”. O governo sueco paga uma taxa, variável a depender do curso, por cada aluno matriculado. E não é pouco dinheiro. É coisa de rico. Eu tinha o direito de saber disso. Só não sei exatamente quanto eu custo aos cofres públicos suecos.

Mais macorronada com aquele molho delicioso pra galera. Na minha santa ingenuidade, fui ao supermercado e comprei um pratinho de carne moída pra incrementar. Tava baratinho e não titubeei. Quando estava empolgadamente “no preparo”, meu roomate correu pra cozinha, leu o rótulo, em sueco imcompreensível, e disse: Pare, eu vou comprar uma carne pra você. Essa não presta. Perguntei se estava vencida e ele disse: não, é 50% carne suína e minha religião não permite. Ele jogou fora. Eu perguntei se ele não se preucupava com as criancinhas que passam fome. Isso não é discussão pra ele. Pedi desculpas.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Sem título sem nada


Você pode não entender,
Não ver ou não sentir
Mas vivi aquele dia como se a vida fosse continuar
Mas a vida parou ali

Do lado de cá não parece meu
Ninguém pra me ouvir
E no peito amargo só uma lembrança
De que a vida ficou aí

Eu jamais soube de fato
Das coisas que ia ver
Se soubesse que era tudo tão cinza
Me esconderia debaixo da cama

Um detalhe que não faz diferença


Pois bem, ontem foi mais um dia em Malmo. Feliz, diga-se de passagem. Conheci minha “Interact” Josefin (se fala Iôsefin). Ela é uma menina muito inteligente, espontânea, amigável e me convidou para conhecer outros estudantes de intercâmbio que estão na Suécia, o que pra mim parece maravilhoso. Fiz um café brasileiro pra ela. Coitada. Tava péssimo. Josefin também elogiou meu inglês. Pontos para Ramon, my so good friend and English teacher.

Acordei meia hora atrasada, 8h da manhã aqui e 4h aí, o fuso horário me acaba. Fui pra faculdade, já que teria mais uma aula do apressado professor de Academic Writing. Caraca, tudo OK. Ele é apressado, mas nada melhor pra mim que um desafio, e tive mais uma prova, eu posso acompanhar a aula dele.

Tem uns 4 dias que o sol não dá as caras por essas bandas. Gostaria que ele aparecesse de vez em quando. Faz bem. Só fica escondido atrás de uma céu cinza ‘horroroso’. Maybe tomorrow. rsrs

Ontem meu amigo fez Kekbob pra gente comer. Nossa senhora! Super super super bom. Vocês não têm noção. Calma! Já pedi a receita. Pelo menos, sabendo cozinhar eu volto. O cara é fera! Pra dizer a verdade, anteontem ele também cozinhou (um franguinho ao molho madeira). Hoje, vou fazer alguma coisa. Já tá ficando feio!!! Rss Strogonoff é uma boa pedida. Rs

Sei que todos querem saber o que fiz no final de semana. Estudei. Já tá de bom tamanho.

Agora to ouvindo um pouquinho de Chico Buarque e antes tava ouvindo um forrozinho na voz de Fagner. A saudade fica mais branda quando a gente escuta uma voz amiga. rs

“Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me drebucei
Sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos,
nos teus pelos, teu pijama
Nos teus pés, ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta, no tapete
Atrás da porta, reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar
A qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que’inda sou tua
Só pra provar que’inda sou tua” (Chico)

> Tudo isso com um detalhe: “Sinto saudade, mas fui eu quem disse adeus”.

domingo, janeiro 25, 2009

Chegada

Já passava das 22h quando cheguei em Copenhagen e peguei minhas bagagens que, por muita sorte, não foram extraviadas. Tive, lá mesmo, que comprar um bilhete de trem numa máquina que não aceitava dinheiro, paguei com cartão de crédito e a fatura será emitida para minha digníssima residência em Salvador. Também te amo, papai!!! Sem susto! No máximo uns 30 continhos.

Tudo escrito em sueco e dinamarquês, nem um piu em Inglês. Português é lingua morta por estas bandas. Vi, de longe, dois jovens, e resolvi perguntar pra que lado era o trem pra Malmo. Era, na verdade, um casal de moças super simpáticas, Sandra e Cristina, que falavam Inglês, e me trouxeram pra casa. Dividimos um táxi e, quando fui pagar minha parte, elas simplesmente recusaram, dizendo: Just Welcome to Malmo!

Sobrevôo não programado


Conhecer os aeroportos europeus nunca foi lá um sonho pra mim. Mas já que tive que passar pela experiência do acréscimo de mais 11 horas na minha trip, uma conexãozinha em Londres não seria nada mal.

Pra começar, quando o avião levantou vôo em Madri, olhava pela janela sem parar. O avião estava supervazio, o que me desonerava do mico de me sentir no Google Maps. Super demais. Olhar tudo lá de cima, mesmo sem entender muito do que estava vendo.

Duas horas mais tarde, e já com a conexão para Copenhagen perdida, o piloto avisa aos “navegantes” que há congestionamento no aeroporto de Londres, o que o obrigaria a fazer, aproximadamente, 20 minutos de sobrevôo naquele lugar “horroroso”.

Na verdade, acho que se passaram mais de 30 minutos, mesmo assim eu não cansava de tentar identificar tudo o que via pelo meu Guia Europa, presente de Ramon no meu último aniversário.
Apalpadelas

Dentro do aero, buscando meu destino para Copenhagen, foi aquela chateação de tirar sapato novamente. Desta vez, uma mulher me apalpou todinha porque o detector de metais resolveu apitar. Rapaz, acho que ela tem uma queda por mulheres, me apalpava e ria, não entendi nada. Acho que tava na cara que eu era ‘raule’ ali. Sei lá.

Depois que passei por essa situação HH – humilhante e hilária, dei de cara com as diversas lojas do free shop. Rapaz, fiquei doida com os perfumes. DOIDA. O mais carinho que vi era 30 euros. Pouco mais de 90 conto, minha gente. Por aí ultrapassa os 220. Afff! Até agora sonho com aquelas porcarias. Hahhaah

Após o último “strep tease”, é, havia mais um, corri direto pra uma lanchonete, acho que o nome era Giraffa’s ou coisa parecida. Lá escolhi um hamburguer com bife 100% de carne inglesa e um refri. Que coisa triste, meu povo. Sabe quando você pega o pão cacetinho e queima direto na boca do fogão, a carne tinha esse gosto. E o refri... água com gás. Ou melhor, mais gás do que água. Nenhum molho sensível a meu paladar, alface de plástico, uma secura só. Afff que saudade do San Filé.

A comunicação

No caminho para o avião lotado de dinamarqueses, falando dinamarquês alto, uma placa de sinalização assim: Exit. O que me fez pensar: por aqui não. Mas era por ali mesmo. Oh povinho doido, viu. Quando tentei falar com um senhor no corredor, que incorreu no mesmo erro que eu, ele riu e disse: I can’t speak English. Rsrs Dentro do avião, sentou-se coincidentemente ao meu lado e falou alegremente: I’m here again. Todo o restante de tentativa de comunicação findou-se. Havia emissor, mensagem, receptor, mas a linguagem era incompatível. heheh comunicólogos!

sábado, janeiro 24, 2009

As primeiras impressões, dificuldades e afeições


Estou pegando uma única disciplina, English I, dividida em quatro módulos: Academic Writing, Reanding and Responding, Phonetics e Grammar. Nos dois primeiros meses só vou estudar as duas primeiras, e nos meses seguintes, as duas últimas. Gostaria que fosse o contrário, porque acredito que, no meu caso, me daria maior suporte no idioma.

Ja tive um pequeno estranhamento com meu coordenador, Mr Grimur. Eu pedi pra ele falar um pouquinho mais devagar, e ele, ao invés de diminuir o compasso, me respondeu com um: This subject is to advanced students. ...Ok. Mas eu estou certa de que me inscrevi para um curso para Basic Level. No mais, eu havia compreendido a aula completamente e foi o que eu disse a ele.

Meus professores são perfeitos, as aulas são super interessantes. Essa semana também tive meu primeiro susto dentro da sala. O professor de Academic Writing fala simplesmente voando. Pergunta sem entonação de interrogação e seu monólogo é, em geral, um diálogo com sigo mesmo. Pra ser mais explícita: “Ele mermo pergunta, ele mermo responde”. Hhaha

No começo da aula, tive vontade de levantar e ir pedir para ser apenas ouvinte daquela aula, com o passar do minutos fui lendo os slides e compreendendo o que ele tava dizendo. No final da aula tava respondendo CORRETAMENTE, diga-se de passagem, às perguntas dele. Vou meter as caras, mas o assunto também é a minha praia.

Meu professor de RR é uma figura magnífica. Na primeira aula, eu ainda não estava registrada e não queria perder nada. Ele percebeu minha ansiedade e com muita sensibilidade disse: Don’t worry. Hahaha Deu vontade de completar: Be happy! Hahaha
No final da aula ele falou que, se alguém tivesse algo a adicionar, algum questionamento ou sugestão, bastava se pronunciar, afinal ele vinha da California, não era Sueco. Por aí vocês tiram a fama do povo daqui.

Sexta-feira, sexta-feira

(em 23.01)

É simplesmente incrível o que estou sentindo. Um misto de felicidade irremediável com insegurança superável, assim espero. Às vezes, me vem um desespero, muito rápido e contido na garganta, quando não sei como vou fazer pra superar as dificuldades que me cercam. Minha sorte é que o Defeito Financeiro não me aperta por aqui.

Meu Inglês não é avançado, mas dá pro gasto. Entendo quase tudo o que os professores falam e, se não for o bastante, gravo todas as aulas pra repassá-las e ter uma compreensão maior das atividades extra-classe. Os assuntos tiro de letra. Estão bem na minha área do conhecimento, Literatura, Gramática e essas coisinhas que adoro e sempre adorei.

Sexta que vem tem meu primeiro seminário. Vou passar o fim de semana todo estudando pra ele. O que me tira do sério agora é a necessidade de falar em público. Odeio isso no meu amado salve-salve Portuga, imagine nessa disgrama enrolada que é o Inglês. Não quero dar corda pro que não é bom, mas meu caso é uma fobia.

Da viagem


Como disse irmä Dulce: puta que pariu! (royalties pra seu francuel). Cheguei no Rio quase meio dia e fiquei la ate quase meia noite. No aeroporto dois constrangimentos, em português, óbvio. O voo atrasou, logo perdi minha conexåao Madri – Copenhagen. Depois, mudaram toda a minha rota, me mandaram fazer conexäo em Londres.


Ainda no Rio, entrei na unica lan house do aeroporto pra avisar ao estudante que me pegaria na estacao em malmo q estaria atrasada e a moca me informou que custaria 42 reais a hora, 70 centavos o minuto. E nem contei isso como costrangimento. No final, paguei 3,50 pelos 4 minutos e 21 segundos. Dei 5,50, peguei 2 de troco e troquei duas palavras com a mocinha do caixa. Quando dei as costas ela me pegntou: Hei, você ja pagou???? Filha da puta. Na frente de todo mundo. Mas esclareci e fui embora.


Lá pras 20 horas entrei no embarque, sentei-me confortavelmente e comecei a olhar o tumulto. Rio de Janeiro e tumulto säo sinonimos, acreditem. Reforma urgente para um galeao em reforma. Em menos de 5 minutos, uma mulher fardada me abordou meio sorridente, meio me acuando. Vai pegar o proximo voo? Vou pegar o voo pra Madri. Vai fazer o que la? Turismo? Na verdade näo vou pra lá, meu destino "final" é Copenhagen. Ah! E vai fazer o que lá? Vou estudar, pq? Entäo você sabe que é a única responsável por você até suas aulas comecarem, näo??? Na verdade ja comecaram, estou atrasada. Ahh entåo aproveitou o verao brasileiro um pouco mais, hein?? Deu as costas e foi embora. Escrota. Ta achando que eu sou o que?


Vi Márcio Garcia embarcando para os EUA. Demais. Demais. Lindo, alto, forte. Afff rsrs (Morra de inveja, Sissa).


No aviäo, meu colega de poltrona era o único espanhol educado que ja vi. Levantava pra pegar água, puxava assunto, me explicava os termos em espanhol que nåo compreendia. Sem interesse. Ele ama o Brasil e é casado com uma brasileira. Disse que trabalha 11 meses por ano esperando as ferias no Brasil. No aeroporto e Madri, todos os funcionarios foram no minimo grosseiros. Tive que tirar os sapatos para passar no detector de metais. Mas eles fazem isso com todos.


Desculpem minha digitação, tava usando teclado sueco. Depois volto e conto mais. Aguardem: meu sobrevôo de 20 minutos por Londres.

Da chegada



Tá tudo dando certo, ao que me parece. Estou morando num lugar maravilhoso. Minha casa eh super confortavel, meu roomate eh super amigavel e esta me ajudando em tudo tudo o que preciso.Fui à primera aula ontem (19) e adorei. Entendi quase tudo, muito legal o assunto, falava de tipos de texto, de narrador, de pontos de vista. O professor eh da Califórnia, com um Inglês super tranquilo.

Rapaz, com me parco Inglês to me virando e até ja dei conselhos amorosos para meu partner. HahahaA cidade é algo assim de lindo. Totalmente organizada. Os ônibus têm horários extatos. Chegam na hora sempre. Aqui nao tem engarrafamento. Na estacao de trem vi 3 velhos bêbados, como mendigos. Acho que säo loucos ou algo parecido. Nenhum cidadäao sueco precisa ser pobre.
Os dias säo curtos. Amanhece la pelas 9 e anoitece umas 17horas. Mas sem problema. Todo mundo aqui trabalha pouco e dorme muito. Hahahha brincadeira.
A cidade parece sempre um pouco calma demais pro meu gosto. Ontem conheci um homem da Bósnia, ele me ensinou o caminho de volta p casa. Ele é refugiado da Guerra e perguntou de onde eu era. Quando falei Brasil, ele disse que eu deveria estar odiando a Suécia pq aqui se anda pela rua com a certeza de que nada vai acontecer, nem de bom nem de ruim. Hahah Espirituoso, näo? Rs
Quando estava na fila do supermercado, perguntei a mulher de trás se ali aceitavam o meu cartao. Ela disse que sim. Depois, ela falou: você é brazileira? Que susto! Vidente???Näo… rsrs Ela disse: quando estive em Säao Paulo, comprei botas iguais as suas. Hahahaha que figurinha, viu?! Super gentil. A maioria dos suecos é gentil. Mas alguns nem däo papo se vc pedir informacao. Uma menininha simplesmente disse que nåo ia me ajudar. Que sacaninha, viu?!