segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Orgulho

Sem mais palavras

(POST ATRASADO)

A primeira grande lição fora de casa foi uma já aprendida em diferentes faces. Orgulho, minha gente. Nós somos um povo digno. Orulho, orgulho. Pra levantar a cabeça. Pra dizer ‘eu posso’. E até pra dizer “eu tenho minha nação, não preciso da sua”. Morar em terras alheias não é fácil. Oitenta por cento dos suecos parecem pensar que eu vim pra cá almejando o ‘forever’. Os mais velhos, acho que pensam que eu vou pedir dinheiro ou algo parecido quando apenas preciso de informação na rua. Os mais novos acreditam que eu vim roubar-lhes as oportunidades de emprego. E eu só quero estudar. Pra finalizar, há também os 100% dos imigrantes financeiramete mais humildes, que têm certeza de que eu quero virar legalmente uma sueca. Vai receber seus papéis quando? Ãh?? Nunca. Não mesmo.

Quando fui fechar negócio com meu novo landlord (dono do aluguel), meu amigo Gazy perguntou pra ele, numa boa, o que eu deveria fazer caso eu decidisse prolongar meu aluguel e minha estada aqui. Ele, arrogante e agressivamente, respondeu que não era um problema dele, que ele não poderia fazer nada. Na hora, fiquei meio atordoada com o péssimo inglês dele, cheio de sotaque sueco, e não atentei bem para ‘o’ detalhe. Ele achou que estávamos propondo que eu continuasse a alugar o apartamento, mesmo sem a renovação do visto. E a forma como respondeu foi quase um “não aceito suborno”.

A Suécia é um país maralhavilhoso, ok? Mas minha pergunta é: pra quem? Sinceramente, hoje fez um sol lindo, mas a rua continuava um freezer, provavelmente um Brastemp, porque eu quase congelei. E esse lugar está assim desde novembro e assim estará até abril. Depois, segundo relatos e pesquisas informais, o frio vai abrandando e vem uma razoável tênue onda de calor, que dura apenas ‘quase todo’ o mês de junho, alcançando, no máximo, 28º Celsius. Em julho, a friaca começa a voltar e, então, de volta casacos e afins. Deus me livre. Isso não é vida. Até alguns suequinhos repetem isso.

Desemprego? Vocês acham mesmo que há no mundo um lugar com número de empregos suficiente para absorver todas as pessoas em idade profissional, jovens e maduros? O sistema capitalista é uma fraude, falido. Aqui existem empregos, proporcionalmente mais que no Brasil, mas desemprego tem aos montes. Só que o governo tem como sustentar essa galera com bolsas, auxílios... A diferença é essa. Quero ver até quando isso vai durar. Numa análise simplória, pois não sou economista, posso dizer: vejam o exemplo dos Estados Unidos. Quebraram.

Não sei bem como ficou a Suécia na história do planeta, mas vamos e convenhamos, o Velho Mundo teve de onde sugar, das colônias americanas, africanas e tudo mais. Além dos impostos cobrados, a reserva feita com nossos metais preciosos, pedras, madeira, escravos e sangue não foi nada pequena. É bom esclarecer que esse não é um discurso panfletário e, além disso, não confundo as coisas. Adoro meu professor inglês, achei meu conhecido portuga muito simpático e tem um espanhol aqui que é uma figuraça.

Então, minha gente, gente humilde, o que é que eu vou querer? Sem demérito pra quem está trabalhando aqui e se virando, se dando bem e não se dando... Longe de minha família, de meus queridos de infância. Longe dos meus quase recentemente amados. Estar aqui tem a primária função de aperfeiçoar meus conhecimentos no idioma Inglês. E o que mais se ganha em aprendizado, como auto-estima e orgulho. No mais, “eu to voltando pra casa”.

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