quinta-feira, janeiro 29, 2009

Bonitinho mas ordinário (o edifício)

Turning Torso, de Santiago Calatrava
Dizem que ele estava travado no dia do projeto


Esta é a Turning Torso, edifício em espiral projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Não fui nem irei lá. Bela como seja, me causa arrepio imaginar que existem pessoas transitando por ali. Nenhum santo seria capaz de me conduzir a este local. Talvez, se deus viesse me pedir... Mas só serveria aquele da Santíssima Trindade. Me desculpem os engenheiros, Lo Enjeñero, meu irmãozinho e todo o CREA, não confio na Engenharia Moderna. Suporto a convencional. Admito a arquitetura de Niemeiyer só porque ele tem mais de 100 anos.

Ontem, mais uma vez meio sem saber como voltar pra casa, levantei meu dedinho para um rapazinho que vinha chegando e perguntei qual o ônibus que deveria pegar pra Central. Ele me ensinou, me perguntou de onde eu era e a gente foi conversando. O cara é do Kosovo. Mais um ‘refugiado’, como o da Bósnia, como Ahmad, do Afeganistão. Aqui parece o paraíso para essas pessoas. Oportunidade de trabalho, estudo gratuito, paz. Engraçado que a gente se comunicou praticamente em línguas diferentes.

Antes que eu me esqueça, também cometi a tradicional mancada de colocar o braço pro buzu parar. Aqui o buzu pára e pronto. Sem erro. Mesmo assim, retiro TODOS os elogios referentes à organização e pontualidade do tranporte público daqui. Óbvio que funciona. No dia que algum buzu atrasar 3 minutos que sejam, o cidadão vira picolé, morre congelado e para de pagar imposto. Ou seja, a pontualidade é uma questão de saúde pública e financeira.

Pra dar um adiantada no meu lado, comprei um dicionário Oxford University Press, 300 mil verbetes, English to English. Demais! As coisas estão indo bem na faculdade, ontem teve o Student Union Day. Tipo uma palestra sobre a Student Union, um super grêmio sueco presente em todas as universidades do país. Uma organização estudantil com força estupenda junto ao governo, na luta pelos direitos dos estudantes.

Pra terem uma idéia do poder, os professores de universidades suecas têm que ser indicados por estudantes e, antes de poderem ser admitidos pela instituição de ensino, são entrevistados por dois membros da Student Union. Esse grupo, do qual sou membro, pois já paguei minha taxa semestral de 270 pilas (SEK), desenvolve diversas atividades para integrar, motivar e informar a gente, incluindo Exchange Students, como eu, e International Students.

Foi através dessa palestra que descobri um dos motivos que levam a Malmo University buscar alunos em outros países para que estudemos “de graça”. O governo sueco paga uma taxa, variável a depender do curso, por cada aluno matriculado. E não é pouco dinheiro. É coisa de rico. Eu tinha o direito de saber disso. Só não sei exatamente quanto eu custo aos cofres públicos suecos.

Mais macorronada com aquele molho delicioso pra galera. Na minha santa ingenuidade, fui ao supermercado e comprei um pratinho de carne moída pra incrementar. Tava baratinho e não titubeei. Quando estava empolgadamente “no preparo”, meu roomate correu pra cozinha, leu o rótulo, em sueco imcompreensível, e disse: Pare, eu vou comprar uma carne pra você. Essa não presta. Perguntei se estava vencida e ele disse: não, é 50% carne suína e minha religião não permite. Ele jogou fora. Eu perguntei se ele não se preucupava com as criancinhas que passam fome. Isso não é discussão pra ele. Pedi desculpas.

Um comentário:

Sheila Fernanda disse...

Cada dia melhor em sua postagens. Amei!!! Bjo