sexta-feira, maio 22, 2009

Sem título, sem rumo.

Passei a minha vida inteira procurando alguma coisa indefinida. Não sabia o que era, só sabia que faltava. Achava eu que estava a procura de uma boa companhia nas minhas tristes tardes de domingo, que queria alguém parceiro, compreendendo meus sentimentos quase bipolares.

Depois de um tempo, encontrei tudo o que achei que procurava em outra pessoa, mas ainda assim aquele sentimento voltou a perturbar. Era uma sensação de oco, de nada. E meu desconsolo estava mais uma vez me angustiando sem pena.

Decidi viver sozinha, comigo mesma, eu e Deus. Aprendi coisas importantes, como quão interessante era fuçar aqueles vinís antigos lá de casa ou perder um tempão na ventania da varanda, olhando meu bairro de cima. Mas enjoei e precisava entender o que novamente se passava. O que tornava meu coração tão arredio.

Tomei a iniciativa de procurar mais meus amigos e corresponder com mais entusiasmo às suas investidas. O sentimento do nada até que deu um descanso pra minha pobre rotina, mas ainda percebia que isso não bastava, que a qualquer momento ele poderia voltar. E voltou. Voltou quando me vi cercada de todos. Ainda assim, o danado insistiu.

Me mandei pro exterior. Lá encontraria foco pra carreira, estudaria horas e horas, sem espaço para o martírio daquela sensação. Ledo engano, santa ignorância. Foi aí que ele veio com tudo, moeu o resquício daquilo que eu tentava chamar de alma. Tudo longe, tudo dífícil.

Saí pra dançar. Essa seria a cura para aquele mal. Meu Deus, eu tinha certeza que seria. Passei a noite toda na distração de batidas prateadas e bebidinhas coloridas. As horas passaram, conheci pessoas, fiz amigos e até me rendi, finalmente, a um beijo forasteiro. Nem sei que horas eram quando cheguei em casa, mas o sol já bocejava. Dormi, sonhei e acordei pro vazio imediato.

As palavras pulavam da boca e as sílabas não se conectavam logicamente. Nada aconteceu. Nada. Às vezes penso que tenho uma relação intrínseca com esta palavra. Nenhuma outra vem à tona tão ironicamente cheia de sentido, razão e força. Nada.

Enfim, após anos, acho que amadureci para o significado do que queria e ainda quero. Apesar de não ter encontrado por completo, agora eu sei que meus olhos só se enchem mesmo da tal felicidade verdadeira quando avisto pelo menos um pouquinho da tão volátil e traiçoeira, a garbosa ILUSÃO.

3 comentários:

Hilton Souza disse...

Se está sem rumo filha, volta!!! De sem título, basta o viicetória... rs

Hilton Souza disse...

Se está sem rumo filha, volta!!!

O brasil é seu, a Bahia é nossa e a casa é sua!!! qual a demora?

Mara Matto disse...

Linda gostei muito do que escreveu ... estudar, complicar e descomplicar o VASTO infinito particular demanda realmente muita energia e dor! mas nunca ilusão! vc fala dela pq sabe que não a tem!
BJOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO